Hoje continua a ser um mistério. O conjunto de rodas e engrenagens roídas pelo sal e pelo tempo vem sendo estudado há mais de meio século, sem chegar a conclusões convincentes. Foi batizado como a “máquina de Anticítera” porque foi descoberto perto da ilha grega de mesmo nome. Data do segundo século antes de Cristo e servia para calcular posições astronômicas e datas no calendário com vários anos de antecedência.

Em 1900, um grupo de mergulhadores procurava esponjas naturais que tinham a intenção de vender mais tarde. Estes animais poríferos eram utilizados em diferentes aspectos relacionados com a higiene e cuidados com a pele. Desta vez, os mergulhadores trabalhavam a noroeste de Creta, perto da ilha de Anticitera, quando se depararam com os restos de um naufrágio.

Começaram a tirar estátuas de bronze, vasos de cerâmica e uma variedade de artigos de vidro, moedas e jóias. Entre todos os tesouros recuperados do fundo do mar tinha um artefato cuja identidade não foi possível identificar em princípio. Demorou dois anos até que o arqueólogo grego Valerios Stais reconheceu naquele objeto um mecanismo complexo que associou com um relógio astronômico.

Eventualmente, se descobriria que era um mecanismo de relógio composto por pelo menos 30 engrenagens de bronze, a maior das quais tinha 14 centímetros de diâmetro e tinha 223 dentes. Da máquina de Anticítera original conserva-se aproximadamente 40%, dividido em 82 fragmentos. Acredita-se que o artefato original estaria montado em uma caixa de madeira de 34x18x9cm.

Durante 50 anos o dispositivo esteve guardado até que despertou o interesse do historiador britânico Derek J. de Solla Price, que abriu o caminho para começassem novos estudos sobre a peça. Tais estudos determinaram que sua construção está baseada em teorias matemáticas e astronômicas vigentes na Grécia Antiga.

A máquina de Anticítera foi identificada, por vezes, como o primeiro computador analógico conhecido. Estaria projetada para prever posições astronômicas, fases da lua ou eclipses e datas indicadas no calendário com até 19 anos de antecedência. Assim, os gregos poderiam saber em que dias caeriam os Jogos Olímpicos e outros eventos de destaque do mundo helênico.

Uma pesquisa recente conseguiu traduzir alantigum texto que vem nos restos do artefato. O que os pesquisadores perceberam é que os textos sugerem que o mecanismo era uma espécie de dispositivo para instruir futuros filósofos. Seria como uma espécie de livro de texto para facilitar o ensino de determinados assuntos que eram ensinados na época, ao invés de um artefato construído propriamente para fazer cálculos.

Em qualquer caso, o fato é que a tecnologia que mostrava esta combinação de engrenagens não voltou a alcançar até 15 séculos mais tarde, quando a Europa inventou os relógios astronómicos.