Há o perigo de que seu trabalho seja realizado por um robô?

Por , 12 de May de 2016 a las 07:00
Há o perigo de que seu trabalho seja realizado por um robô?
Futuro

Há o perigo de que seu trabalho seja realizado por um robô?

Por , 12 de May de 2016 a las 07:00

O surgimento das grandes inovações tecnológicas tem ocasionado tradicionalmente a criação de novos tipos de trabalho, a destruição de outros e a transformação da atividade que realiza a maioria.

Inventos como a máquina a vapor ou a energia elétrica significaram um “tsunami” no mundo laboral, com importantes consequências no mercado de trabalho que causaram movimentos sociais importantes como o Movimento Ludita no século XIX ou os movimentos sindicais nos séculos XIX e XX. A Internet e, de uma forma mais ampla, todo o processo de digitalização da economia, encontram-se também entre os grandes movimentos tecnológicos, esses que mudam as regras do jogo do mercado laboral.

É bom lembrar que as anteriores revoluções tecnológicas foram os geradores de trabalho, é normal que provoquem certa incerteza no mercado laboral, principalmente nos segmentos de empregados mais expostos às mudanças.

Se nas anteriores revoluções industriais houve a desvalorização da importância da força física, que foi substituída rapidamente por motores e máquinas e de certas atividades com baixo conteúdo cognitivo que puderam ser automatizadas, nesta nova revolução as mais afetadas são as atividades que possuem um determinado nível cognitivo (ver a Figura 1). Em uma primeira fase, que denominamos revolução digital, serão afetadas aquelas com muitos procedimentos, como o marketing online ou a atenção ao cliente básica e, posteriormente, o desenvolvimento da inteligência artificial afetará as atividades com menos procedimentos, como a tomada de decisões. Também atividades com baixo nível cognitivo e de procedimentos como a limpeza doméstica que, até agora, foram mantidas à margem da mecanização, começam a sentir a ameaça de serem substituídas com o desenvolvimento da robótica avançada.

Figura 1. – Evolução da incorporação de tecnologias para a realização de trabalhos

Uma situação que afeta a muitas atividades e postos de trabalho, o que chamou a atenção de importantes pesquisas acadêmicas. Então, uma pesquisa realizada pela Universidade de Oxford, analisou a probabilidade de automatização através de sistemas informáticos de 702 atividades profissionais nos Estados Unidos em 2020 e o impacto que esta automatização pode ter no mercado laboral. A figura 2 mostra as profissões mais e menos ameaçadas por esta mudança e como há um robô para cada trabalho.

Figura 2. – Profissões com maior e menor probabilidade de serem automatizadas

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Fonte: Frey C., Osborne M. (2013): The Future of Employment, How Susceptible are Jobs to Computerization?

Apesar da aparência alarmante destes dados, é interessante voltar a lembrar que em todas as revoluções tecnológicas, uma análise serena depois de passar certos anos quando se pode valorizar os fenômenos com uma certa objetividade, mostra como o saldo final do emprego é positivo.

No caso da revolução digital, devemos considerar a quantidade de postos de trabalho associados às TIC e a outras profissões tecnológicas e científicas que se estima que não poderão ser cobertas no futuro pela falta de pessoal qualificado. Por exemplo, nos Estados Unidos se estima que em 2018 haverá uma diferença entre as vagas de trabalho relacionadas com o big data e os profissionais disponíveis com as competências analíticas necessárias de entre 140.000 e 190.000 postos.

Uma pesquisa realizada para a Comissão Europeia estima que em 2020 na Europa pode haver uma demanda de profissionais TIC sem cobrir, que oscilaria entre 730.000 em um cenário de crescimento econômico baixo até 1.346.000 em um cenário tempestuoso.

Além do mais, aparecerão novas profissões, radicalmente diferentes das atuais. Alguma delas poderiam ser: pilotos de drones, coordenadores da relação homem máquina no âmbito laboral, cientistas de dados, auditores de bens compartilháveis na economia colaborativa, designers de moda, comida, etc. com impressão 3D, arquitetos de realidade aumentada, designers de gamificação, telecirurgião, coach virtual, assessor em dinheiro digital, gestor pessoal de presença online, especialista em simplificação, restaurador de ambientes selvagens, treinador de robôs, ou analistas de conhecimento…

Trata-se, portanto, de uma situação de transformação mais que de evolução, onde são formuladas novas questões como: qual será nossa relação com os robôs e as máquinas inteligentes em nosso ambiente de trabalho? E cada vez que tratamos de resolver uma pergunta, nos surgem muitas outras. Apesar desta situação de incerteza, há algumas coisas que podemos contar como certas, assim como mostra o Think Tank celebrado pela Fundação Telefônica referente a este tema. A mais importante é que, por agora, a criatividade é uma capacidade humana que ainda não é possível copiar e talvez nunca o seja. A outra grande certeza é que a formação e a educação serão nossas armas fundamentais para enfrentar aos novos desafios no mundo laboral. Não há dúvidas de que tanto empresas como os organismos públicos e pessoas físicas devemos ter em mente estes dois princípios para abordar com sucesso os desafios do trabalho em um mundo de máquinas inteligentes.

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