O último relatório de Educação em Ciências da Computação confirma a lacuna entre mulheres e homens na hora de escolher o que estudar.
Quarto rosa para a menina, azul para o menino. Ela quer de presente de aniversário bonecas e brinquedos para brincar de casinha; ele quer carros e lego. A menina fará balé no colégio; o menino jogará futebol. Ela irá fantasiada de princesa; ele irá de pirata ou astronauta. A menina ajudará à mãe na cozinha e no mercado; o menino ajudará ao pai no jardim ou com o carro. Ela estudará algum curso de humanas; ele, algum curso de exatas. Assim levamos anos perpetuando modelos obsoletos e lutando para que as mulheres estudem curso de exatas, mas a situação, mesmo que pareça incrível, não muda. Será que estamos fazendo alguma coisa errada?
Estudar exatas não interessa às meninas
As meninas entre 6 e 16 anos não pensam em fazer uma faculdade de ciências exatas, nem mesmo têm interesse nestes cursos. Só 1% pensa nisto. Porém, tanto os meninos como as meninas têm certeza, em 88%, de que será necessário programar em seus trabalhos. 90% sabe que terá que aprender ciências da computação. Uma pesquisa realizada na Espanha, elaborada por Google, a Fundação Espanhola para a Ciência e Tecnologia (FECYT) e Everis.
Os números assustam, ainda que já soubéssemos, antes de que fosse publicada esta pesquisa, que normalmente há menos mulheres que homens nas universidades de engenharia. Mas o relatório mostra esta circunstância e mede os fatores que influenciam na lacuna entre homens e mulheres desde que estamos no colégio. Parece que nós nos deixamos influenciar mais por nossas famílias do que os garotos na hora de decidir que faculdade faremos. 65% das meninas que estudarão, farão cursos de ciências exatas se contam com o apoio familiar. Estes dados não mudaram desde a pesquisa de 2014, onde se verificou que o reforço positivo das famílias significava 28% do total de fatores que estimula o gênero feminino a ter interesse pelas ciências exatas.
A opinião das famílias
Está claro que a opinião familiar conta, e muito, na hora de escolher uma profissão. De acordo com o relatório, 51% das meninas pensa que sua família as imagina estudando matérias de ciências exatas, comparados aos 75% dos meninos consultados. O estereótipo de que as mulheres somos mais de humanas que de exatas não é coisa do passado.
De qualquer maneira, os especialistas mostram que não se trata de que as famílias não apóiem a suas filhas conscientemente em seu interesse pelas ciências exatas. Se trata mais de uma questão de contextos.
Temos que continuar trabalhando nisto. Talvez os matizes e a total digitalização das novas gerações acabem borrando pouco a pouco a arcaica hegemonia do rosa e do azul.