Lance sua própria missão estratosférica à fronteira do espaço

Por , 6 de April de 2016 a las 19:00
Lance sua própria missão estratosférica à fronteira do espaço
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Lance sua própria missão estratosférica à fronteira do espaço

Por , 6 de April de 2016 a las 19:00

Levar uma câmera à fronteira do espaço exterior e capturar imagens da terra a partir de uma perspectiva incrível, não é tão difícil como poderia parecer. Explicamos, passo a passo, como levar um micro-satélite à estratosfera.

Em primeiro lugar, não tenho dúvidas de que alguns considerarão que a estratosfera e a fronteira do espaço são conceitos incompatíveis. Para alguns como eu, que já fizeram alguns destes vôos estratosféricos, com certeza que não está tão claro assim. A fronteira imaginária do espaço, chamada linha de Kármán está definida por critérios humanos. A realidade é que as camadas da atmosfera, mesmo que imperceptíveis, ainda estão presentes na altura em que voam certos satélites, ou a ISS. Por outro lado, ir até um ambiente que está a uns 30 a 50 Km de altura, onde se tem quase 99% da atmosfera debaixo, com um céu totalmente escuro e condições mais parecidas às do espaço sideral que as que reinam em nosso ambiente é um desafio enorme.

Mas não vamos discutir sobre as fronteiras colocadas pelos humanos e sim sobre alcançar uma façanha com um orçamento relativamente baixo em poucos passos, com a ajuda de um balão estratosférico, como os que lançam normalmente os serviços meteorológicos.

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Celular, GPS, câmera, baterias… Tudo o que quiser, bem organizado e protegido

1. Decida o que quer lançar

Temos sorte, há anos a miniaturização de componentes eletrônicos nos permite ter muita tecnologia em um espaço muito pequeno. Hoje em dia, é fácil encontrar câmeras de ação que cabem na palma de uma mão e com um peso que não ultrapassa 200 gramas. Com os smartphones, raspberrys, arduinos, etc. ocorre o mesmo, temos a possibilidade de levar uma CPU a bordo em um tamanho reduzido, que registre nossa posição via GPS e a transmita através de algum aplicativo para outro terminal.

Considere que de acordo com o peso que deseje lançar, dependerá o tamanho do balão que precisará utilizar e o paraquedas para recuperá-lo, assim como o contêiner em que pretende lançar tudo.

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Os responsáveis do Proyectodaedalus preparando um lançamento

2. Escolha o balão

Claro que queremos chegar à estratosfera de uma forma simples, e desenvolver um foguete não entra em nosso conceito de simplicidade. Com o balão e hélio (ou hidrogênio, apenas se você for consciente e tiver meios para se proteger dos riscos) só precisamos do Principio de Arquimedes para que nosso projeto alcance seu objetivo.

Os principais fabricantes deste tipo de balões possuem tabelas com indicações do peso máximo que podem carregar em cada um de seus balões, não esqueça de revisar esses dados antes de tomar uma decisão.

3. Solicite autorização

Aquilo de “prefiro pedir desculpas a pedir autorização” não vale aqui. Mesmo que nosso objetivo final seja a estratosfera onde (quase sempre) não há ninguém, atravessamos zonas com muitos aviões que transportam pessoas, devemos avisar às autoridades, preencher papeis e esperar instruções. Devemos considerar que:

  • Garantir nossa aventura com seguros de responsabilidade civil.
  • Não lançar a partir de zonas onde possamos dificultar operações aéreas (aeroportos, rotas de aproximação, etc.).
  • Enviar pouco peso para evitar complicações: em cada país existe uma regulamentação. Se o peso é superior, podem solicitar requisitos adicionais que podem complicar nossa aventura. Por sorte, com a tecnologia atual este ponto não deveria ser um problema.

4. Faça simulações das possíveis trajetórias do balão

Por sorte, todos os dias as estações meteorológicas enviam balões similares (como o Ballon Trajectory Forecast) para saber as condições atmosféricas, isso nos oferece uma informação atualizada pelo menos algumas vezes ao dia para que possamos calcular nosso possível vôo. Assim você poderá determinar como será sua aventura. Como funciona o balão?

  • De acordo com o peso que você pretende lançar e a quantidade de gás com que preencherá o balão, este subirá e irá dilatando-se até que não poder mais, explodindo e descendo em paraquedas.
  • Quanto maior a quantidade de gás em seu interior, antes explodirá o balão, mas subirá mais rápido. Se a quantidade é menor, o balão explodirá depois, mas a subida será mais lenta.

É uma questão de experiência, depois de algumas tentativas consegui prever com maior precisão a zona exata da queda, mas sempre há uma margem de centenas de metros ou inclusive quilômetros, não se desespere nem espere que caia onde você pensava, afinal levará um Smartphone ou outro dispositivo a bordo para que te informe a posição, tente prever que se mantenha longe de zonas povoadas.

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Lançamento!

5. O dia do lançamento

Não deixe tudo para a última hora, tenha certeza de ter tudo bem preparado, as baterias dos aparelhos totalmente carregadas. Os componentes eletrônicos devem ir, na medida do possível, isolados do frio com materiais caseiros muito leves e resistentes, como caixas de isopor, manta térmica (daquelas que se usam nas emergências médicas), etc.

Um conselho muito simples para preencher o balão com a quantidade necessária de gás , sem faltar nem sobrar, é utilizar um lastro amarrado à mangueira de enchimento que pese aproximadamente 10% ou 15% a mais do que pretendemos lançar, assim garantiremos que há gás suficiente para subir todo o conjunto, quando você vê que o balão tem o suficiente impulso para levantar nosso lastro.

Comprove que o balão está bem fechado e não escapa gás pelo bocal, que o paraquedas está acoplado de maneira correta. Você ativou as câmeras? O Smartphone ou dispositivo que foi introduzido está emitindo a posição a seu receptor?

Tente não lançar muito tarde, mesmo que o vôo dure uma ou duas horas, é possível que você demore algum tempo para chegar até seu objetivo, porque pode parar no alto de algum monte ou no fundo de algum vale de difícil acesso.

Anote seus dados de contato em algum lugar visível para que, se alguém o encontra, possa entrar em contato com você, nunca se sabe!

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6. Em voo

Com certeza fizemos uma bonita contagem regressiva e soltamos o balão vendo como subia, agora só falta que os ventos nos sejam favoráveis. Desfrute do balão afastando-se até que só seja um ponto apenas perceptível contra o azul do céu, mas não relaxe!

Todo o tempo que possa ganhar para alcançar a zona da caída será tempo ganho, então guarde tudo o que foi usado e vá preparando seu veículo para recuperar a carga do balão.

Se decidiu usar um Smartphone, é possível que o dispositivo deixe de dar a posição depois de perder a cobertura, isto ocorre por quê as antenas de telefonia não costumam estar direcionadas para o céu, mas para as zonas povoadas. Provavelmente, acima dos 5000 metros seja muito difícil ter cobertura. Além disso, após os 18000 metros os GPSs, normalmente não costumam conseguir posição, devido a uma regra de seu funcionamento que poucos dispositivos não obedecem.

7. Recuperação

Decorrido o tempo previsto de vôo, quando o balão volte a estar próximo do solo deveria voltar a enviar a posição e você poderá calcular quanto se desviou da rota prevista. Os aplicativos convencionais de mapas podem ajudar você a se aproximar pela estrada o máximo possível, mas não serão (normalmente) os únicos que irá necessitar. Se possui algum aplicativo de mapas topográficos, eles mostrarão rotas e caminhos que normalmente o levarão muito próximo ao lugar onde caiu.

Tenha cuidado, não vale a pena arriscar-se a cair de uma grande altura se o lugar não for acessível. Se você não tem acesso é muito provável que ninguém o tenha, então volte quando estiver preparado ou quando tiver ajuda para recuperá-lo com segurança.

Agora só falta desfrutar das imagens e dados obtidos. Você se atreve?

Todas as fotos do post foram cedidas por Proyectodaedalus

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