Scott Kelly e a experiência de viver um ano no espaço

Por , 28 de March de 2016 a las 23:00
Scott Kelly e a experiência de viver um ano no espaço
Futuro

Scott Kelly e a experiência de viver um ano no espaço

Por , 28 de March de 2016 a las 23:00

Há um ano, a NASA embarcou em um programa experimental com os gêmeos Kelly para estudar os efeitos da microgravidade na saúde. Durante um ano, Scott permaneceu na Estação Espacial Internacional (ISS), enquanto seu irmão permanecia em Terra. Agora é a hora de ver as diferenças entre ambos para pensar na possibilidade de expedições tripuladas à Marte

Quando você é pai e tem filhos, costuma perguntar: “Filho, quando você crescer. O que você quer ser?”, e as respostas costumam ser do tipo: “jogador de futebol”, “bombeiro”, “veterinário”… mas algumas crianças já sabem que seus sonhos passam por sulcar o espaço dentro de uma nave e chegar até a lua após passar horas e horas lendo os livros de Isaac Asimov e respondem: “Astronauta”.

Esta situação com certeza, aconteceu no seio da família Kelly. Os gêmeos Mark e Scott, tinha bem claro qual seria sua futura profissão. Nascidos em Nova Jersey em 1964, tinham só cinco anos quando Neil Armstrong disse aquela frase: “É um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade”. Uma frase e uma corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética foi o que incentivou aos gêmeos a fazer parte do programa espacial e tocar as estrelas com suas mãos.

Como surgiu o programa?

A NASA, leva anos tentando programar expedições tripuladas para Marte, mas a distância e os problemas de saúde que podem acarretar aos tripulantes atrasaram a iniciativa. Depois da “conquista” do planeta vermelho com o Rover Curiosity, a agência espacial norte-americana continua suas pesquisas. Por sorte, e graças ao fato de que os irmãos Kelly são astronautas, foi possível colocar em ação a primeira experiência que avalia os efeitos do ambiente espacial no corpo humano, ao comparar seus efeitos na saúde com duas pessoas geneticamente idênticas.

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Foi assim como Scott Kelly, que permaneceu durante 340 dias na Estação Espacial Internacional (ISS) situada a 400 km da Terra, enquanto seu irmão Mark se submetia a testes médicos pertinentes para determinar as mudanças no organismo causadas pelo ambiente espacial.

A saúde humana em condições de microgravidade

Após os 340 dias em órbita, Scott Kelly assume a liderança no ranking norte-americano de permanência no espaço, ainda que continue longe dos 438 dias de Valeri Polyakov e dos 803 de permanência acumulada de Sergei Krikalyov.

Basicamente, a experiência dos gêmeos Kelly trata de demonstrar o que ocorre com a saúde do ser humano em condições de microgravidade. Nestes casos, os ossos e os músculos começam a enfraquecer, chegando até a possibilidade da atrofia, ainda que para neutralizar estes problemas, os astronautas colocaram em ação um rigoroso plano de exercícios. Duas horas diárias em cima de uma esteira mecânica e tábuas de resistência com diferentes pesos. Apesar disso, os astronautas perdem um média de 1,5% ao mês de sua massa óssea no espaço. Como curiosidade, comentar que Kelly cresceu 5 centímetros devido ao relaxamento de sua vertebra, mas que provavelmente os encolha agora que está de volta a terra, devido à gravidade.

Mais ainda, os possíveis problemas associados a estas práticas não terminam aqui, já que, diante da falta de gravidade, o coração se contrai e não tem que trabalhar tanto para bombear o sangue. Além disso, ao estar com a gravidade zero, os fluidos do corpo acabam subindo para a cabeça. De fato, esta mobilidade ascendente e sua acumulação fazem com que os rostos sejam mais circulares e dêem um aspecto caricatural. Coisa que a NASA batizou como o efeito “Charlie Brown”.

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Passos prévios

Antes deste teste, e como passos prévios, Scott Kelly, entre 2010 e 2011, passou meses vivendo na ISS: “Viver seis meses no espaço é um grande desafio, mas se queremos ir a Marte, necessitamos compreender como reage o corpo humano durante longos períodos de tempo”.

Graças a esta pesquisa, a NASA começou a traçar os parâmetros para que no futuro o ser humano seja capaz de chegar à superfície de marte e repetir as famosas palavras de Neil Armstrong. Enquanto isso, o “Curiosity” continua enviando imagens e pesquisas sobre a possibilidade de chegar a Marte. De fato, a realidade supera à ficção e pode ser que, antes do que pensamos, a aventura protagonizada por Matt Damon e dirigida por Ridley Scott, o filme The Martian, termine sendo uma pequena mostra do que é capaz o ser humano.

Mais próximo da vida na ISS com as redes sociais

Através de uma escotilha, o astronauta norte-americano teve uma visão privilegiada da Terra, e graças ao Twitter e ao Instagram conquistou a internautas do mundo inteiro com imagens espetaculares e histórias da vida na estação espacial seguidas pelo hashtag #YearInSpace.

Uma experiência que serve para dar um passo a frente nas pesquisas sobre a capacidade humana no espaço e que ainda não terminou. A partir de agora começa outra parte do projeto, onde os dois irmãos serão monitorados na Terra para obter as respostas necessárias sobre os efeitos da microgravidade e estabelecer um roteiro que esboce as possíveis melhorias em futuras expedições de longa distância.

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