A contaminação, é um dos problemas meio ambientais mais urgentes. A presença de substâncias químicas tóxicas na atmosfera de nossas cidades foi relacionada com diversos problemas de saúde, como maior risco de câncer, doenças respiratórias ou alergias.

Mas, há um tipo de contaminação que não se vê, ou pelo menos, que não nos deixa ver. Além do clássico “chapéu” cinzento, que podemos contemplar muitas vezes sobre grandes cidades, os pesquisadores também estão preocupados pela contaminação lumínica.

Tradicionalmente este tipo de contaminação se relacionava com um problema para os cientistas e os fãs da astronomia. É que a grande intensidade de luz que “emana” de nossas cidades nos impede contemplar os céus em todo seu esplendor. Por isso, quando acontecem eventos como as Perseidas ou Perséiades -ou ainda “Lágrimas de São Lourenço”-, os especialistas recomendam ir para lugares distantes das grandes cidades para desfrutar de um céu escuro.

Os efeitos negativos da intensa luz artificial, porém, não se relacionam unicamente com as dificuldades para contemplar as estrelas. De acordo com recentes pesquisas, este problema pode afetar também à biodiversidade, os habitats noturnos e inclusive nosso próprio bem-estar. Por isso, cada vez são mais as vozes que, do lado científico, pedem que seja combatida a contaminação lumínica.

A última ideia para superar este desafio começou no final de 2015, que justamente foi denominado Ano Internacional da Luz. No calor do programa objetivo da pesquisa Horizon 2020 surgiu o projeto STARS4ALL. Esta iniciativa da ciência cidadã pretende conscientizar e encorajar a sociedade para melhorar a preservação das paisagens noturnas europeias e informar sobre os problemas derivados da contaminação lumínica.

Com esses objetivos, o Instituto de Astrofísica das Canárias mostrou o “roteiro” que seguirá STARS4ALL. Por um lado, retransmitirão eventos astronômicos, incentivarão que seja estabelecida uma legislação contra a contaminação lumínica e criarão um selo e um mapa de iluminação ineficiente. Entre outros fins, STARS4ALL também procura alertar sobre o desperdício energético, monitorar a contaminação lumínica através da rede Cities at Night ou incentivar o uso da aplicação Loss of the Night.

Com o impulso de STARS4ALL, seus patrocinadores querem unir a especialistas da “tecnologia da informação, ciências sociais, economia, astronomia e ecologia para criar iniciativas auto sustentáveis sobre contaminação lumínica”. Uma ideia brilhante para que seja possível desfrutar no futuro de melhores e mais céus escuros.

Imagens | Joshua Tree National Park (Flickr), jason jenkins (Flickr), NASA (Flickr)