Buscando a essência do balé através da tecnologia

Por , 8 de February de 2016 a las 19:00
Buscando a essência do balé através da tecnologia
Futuro

Buscando a essência do balé através da tecnologia

Por , 8 de February de 2016 a las 19:00

A designer Lesia Trubat criou E-Traces, sapatilhas que capturam todos os movimentos dos bailarinos. Com este projeto é possível analisar a coreografia, além de ter múltiplas aplicações para o mundo do esporte.

Vamos imaginar que você é uma mulher. Mulher trabalhadora. Imagine que trabalha duro todos os dias no escritório, e que por este motivo espera que em algum momento de sua carreira lhe reconheçam esse esforço com um aumento de salário, uma posição melhor, etc. Mas espera e espera, sem se atrever a perguntar ou a arriscar. Lhes apresento a “Síndrome da Tiara” que, de acordo com as pesquisadoras Carol Frohlinger e Deborah Kolb, consiste em que a maioria das mulheres espera a recompensa de uma forma discreta, pensando que alguém vai perceber seu merecido reconhecimento em algum momento.

Antes eu disse que “a maioria das mulheres espera”, mas há algumas que não o fazem, e a se lançam a aventura para demonstrar o valor do seu trabalho. Assim precisamente começa, a bela história de Lesia Trubat na sua busca da essência do balé. Uma dança delicada, bonita, complicada, cheia de técnica, esforço e sensibilidade. Um dos traços que melhor caracteriza este tipo de espetáculo é o efêmero que é no tempo, uma vez observado nunca mais ver esse movimento que tanto nos fascinou, ou talvez sim… Graças aos avanços tecnológicos, cada vez está mais próxima à popularização em usar roupas inteligentes. Há dois anos que o Google e a Nike se lançaram ao desenvolvimento de uns tênis esportivos “muito faladores”: o Google TalkingShoe, que comentavam cada passo do usuário. Embora os sapatos foram um protótipo que foi apresentado pela empresa por meio do projeto Art CopyCode e ainda não chegou ao mercado.

Mas isso não ficou por aqui, e se conseguiu pela primeira vez, a conexão de uma bailarina a nossos dispositivos móveis. É um projeto concebido por Lesia Trubat, uma dançarina amadora que conhece o esforço feito para aperfeiçoar a técnica do balé. Nos últimos anos, se concentrou em tentar dar luz aos movimentos de balé recriados quando o artista sobe ao palco, dando origem a uma nova linguagem visual. “Sou designer de produto, e queria juntar minha profissão e minha paixão, e naquele momento eu tinha que trabalhar em meus projetos do último ano, então eu aproveitei a oportunidade e com muito trabalho, esforço e ajuda de outras grandes pessoas, saíram meus dois projetos mais interessantes: Traces e E-Traces”. Lesia trabalha há anos em vários estúdios de design e empresas como Sandrine de Montard, Simontech, Nutrexpa e Martin Azúa Studio. Gosta de participar em projetos onde se misturam diversas disciplinas; onde o desenvolvimento pode ser artesanal ou tecnológico, mas tendo em conta o sentimento como base de tudo.

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Educando a sensibilidade

As sapatillhas conectadas nasceram a partir do projeto de final de ano de Lesia. Antes de sair, ela queria investigar as iniciativas interessantes realizadas em torno da dança. Lesia conhecia muitos, mas o mais interessante foram os projetos criados por artistas como Meghann Snow, TiitHelimets, Anne Teresa de Keersmaeker, Luis Casanova Sorolla… “Todos os projetos são muito bonitos e mostram como plasmar o movimento”. A partir daqui, criou sua proposta Traces, que consiste em refletir os movimentos dos dançarinos em azulejos. Mais tarde, decidiu incorporar este conceito às novas tecnologias, já se interessava muito a atenção os tecidos inteligentes e wearables. Assim nasceu E-Traces. Neste projeto se refletem o movimento e pressão dos pés do dançarino através de um pequeno dispositivo colocado na ponta, sola e lados da sapatilha. Assim, obtém-se uma série de dados que entram em nosso dispositivo móvel via Bluetooth ou Wi-Fi.

Para executar o projeto, Lesia escolheu a tecnologia de código aberto Arduino. Os sapatos incorporam um sistema de Arduino Lilypad, uma placa-mãe projetada especificamente para ser costurada em wearables. Se conecta a três sensores de pressão que estão localizados em diferentes partes do sapato e a um acelerômetro, que capta os movimentos. Ao mesmo tempo, leva uma bateria e um transmissor Bluetooth que pode enviar dados para um dispositivo móvel.

“Eu soube ilustrar bem o conceito e o projeto foi muito bem publicado na Internet. Então eles me contataram desde um espaço de encontro com diferentes disciplinas artísticas que se concentram principalmente na dança, chamado Flux Laboratory, porque eles queriam fazer uma “abertura” interessante relacionada à dança para a abertura do Campus Biotech Genebra em maio de 2015. Eles tinham planejado mostrar ao público o meu conceito. Trabalhamos em equipe diferentes pessoas para realizar a ideia, e foi espetacular, embora não desenvolvemos o produto inteiramente, foi apenas o desenvolvimento da performance para a ocasião”.

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Ainda em fase experimental

Os dados que recebemos das sapatilhas são transferidos para um aplicativo para o celular. Embora este aplicativo ainda não foi desenvolvido comercialmente, uma tecnologia semelhante foi usada para a performance, permitindo que o bailarino desenhe seus movimentos de forma eficaz. O resultado é um vídeo que reflete estes movimentos, e também contém dados que podem ser utilizados para analisar a coreografia. Além disso, e-Traces vem a ser um aplicativo interessante que permite aos fãs interagir com o balé de uma maneira nova. Embora o futuro de e-Traces é um pouco incerto, Lesia está confiante de que pode tocar para frente: “Gostaria de poder desenvolver no futuro tanto o produto como o aplicativo, e continuar desenhando e criando projetos com e para a dança”, conclui.

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