Em tempos de pagamentos através do celular, as gorjetas já não são como antes

Por , 25 de January de 2016 a las 07:01
Em tempos de pagamentos através do celular, as gorjetas já não são como antes
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Em tempos de pagamentos através do celular, as gorjetas já não são como antes

Por , 25 de January de 2016 a las 07:01

Os pagamentos através do celular chegaram também ao mundo das gorjetas. Porém, ainda é necessário que comerciantes e clientes confiem na nova forma de pagamento para que esse dinheiro extra volte a ser o que era.

Tinha que acontecer. Agora que chegamos até aqui, era inevitável que um costume como este acabasse cedendo ante o universo digital e eletrônico. As gorjetas estão mudando. Essas que deixamos no bar de sempre, depois do jogo dos domingos ou com o café na manhã de segunda. Esses centavos que se perdiam no nosso bolso e que costumavam acabar no bolso do garçom, já não voltarão a ser o que eram.

As ajudas econômicas digitais já não só consideram premiar os conteúdos da internet através de algumas opções como o Dropcoin ou o ChangeTip, mas também agora descem ao nível dos pagamentos mais comuns para confirmar que a era digital revoluciona tudo.

O dinheiro físico já começou a desaparecer da carteira motivado pelos cartões eletrônicos, mas agora está em perigo de extinção pela (muito recente) possibilidade de realizar pagamentos com o celular e deixar gorjetas. Gorjetas que agora também têm a possibilidade de serem deixadas de forma digital através de um iPad no ponto de venda. Uma estratégia idealizada para renovar os negócios que estão em baixa e para dar uma nova opção a quem gosta de pagar um pouco mais do que está na conta, e não costuma levar dinheiro em espécie.

MasterCard explica a Think Big que perceberam um crescente interesse em alguns mercados, como o dos Estados Unidos, para transferir gorjetas em dinheiro aos pagamentos eletrônicos. Acreditam que “dependerá dos comércios e dos clientes” para que isto aconteça em outros lugares do mundo. Por outro lado, a consultora Gartner espera que em 2017, 50% dos pagamentos que se realizem nos Estados Unidos sejam através do celular, o que poderia justificar uma progressiva migração em direção às gorjetas digitais.

Porém, ainda que em nosso país o processo seja mais lento que no americano e que as associações de hotelaria ainda não tenham uma opinião formada sobre os novos modelos de gorjeta, algumas ferramentas começam a abrir caminho.

Zapper o faz através dos telefones inteligentes. É uma aplicação sul africana que já funciona em dez países e que permite o pagamento com o telefone celular em restaurantes, cafeterias, bares e quiosques de comida ambulante. Na Espanha começou a funcionar a partir de janeiro deste ano, é utilizada em quase 1.000 estabelecimentos pequenos e “está funcionando bem apesar que o Sul da Europa ainda não está acostumado a pagar com o celular”, nos explica Elisha Aswani, seu porta voz em nosso País.

Seu funcionamento é simples. Somente precisamos baixar a app, inserir e guardar o número do cartão de crédito e escanear um código QR fornecido pelo estabelecimento toda vez que for realizar um pagamento. Depois, o aplicativo dá a opção de deixar gorjetas em diferentes porcentagens (0%, 10%, 12,5%, 15%…). De acordo com Aswani, entre todos os países que utilizam Zapper a nível mundial, as gorjetas aumentaram 13% com referência ao ano anterior.

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Foto: Zapper

Flypay e Tip.ly são outras ferramentas que permitem também deixar gorjetas através do smartphone. Além do mais, com Flypay, os clientes podem realizar o pedido da mesa, dividir a conta entre as pessoas que compartilham e escolher gorjetas de porcentagens bem diferentes. Por outro lado, Tip.ly tem o simples objetivo de que os consumidores não passem a vergonha de que não possam deixar gorjetas quando não tenham dinheiro em espécie.

Inclusive Starbucks já permite está opção em seus estabelecimentos pois, de acordo com Adam Brotman, seu diretor digital, mais de 11% das transações nesta franquia se realizam através do celular e aproximadamente 10 milhões de clientes utilizam sua aplicação para realizar pagamentos. Enquanto isso, Apple Pay, de momento, não pensa na possibilidade de deixar gorjetas, fato que irrita alguns de seus usuários.

De qualquer forma, ainda há muito caminho a percorrer no que se refere aos pagamentos através do celular, principalmente porque comerciantes e usuários necessitam se adaptar a estes meios e porque para poder utilizar todos estes aplicativos, é necessário que o comércio específico trabalhe com elas.

Outra das opções que estão aparecendo, principalmente nos Estados Unidos, é a utilização do iPad como sistema de pagamento e gorjeta digital, pensado para substituir a tradicional caixa registradora no ponto de venda. O clássico desapareceria, mas o costume das gorjetas, não.

A interface típica da tablet da Apple também poderia apresentar na tela várias opções para deixar certas porcentagens de gorjetas, nenhuma ou a quantidade concreta que o usuário decida. Depois, o cliente pagará sua conta (e deixará sua gorjeta) aproximando seu celular de um leitor do IPad para pagar através de algum aplicativo instalada (graças à tecnologia NFC) ou com o próprio cartão de crédito.

O analista de mercado Justin Guinn, que impulsou uma pesquisa sobre o presente e o futuro das gorjetas utilizando este tipo de tecnologia, avisa que é importante que os estabelecimentos entendam os efeitos positivos que este novo cenário pode gerar para seus trabalhadores. De fato, garante que estes sistemas possam gerar um aumento nos lucros inclusive em estabelecimentos onde não se costuma deixar gorjetas normalmente (como padarias ou lojas de roupas).

Outra das opções que nasceram para deixar gorjetas de maneira diferente, sem recorrer ao dinheiro em espécie e evitando que o cliente se sinta obrigado a qualquer coisa, é o sistema DipJar. Trata-se de um pote eletrônico (que funciona em 500 estabelecimentos dos Estados Unidos) onde os clientes podem inserir seu cartão de crédito para deixar 1 dólar (R$ 4,12) toda vez que visitam um estabelecimento. Assim, a ação é totalmente voluntária.

Ryder Kessler, cofundador da empresa que o comercializa, explica que lançou o sistema depois de falar com garçons, que lhe explicaram como suas gorjetas haviam caído depois que a maioria de seus clientes esquecessem o dinheiro em espécie para pagar com o cartão de crédito.

Foto: dipJar

Foto: DipJar

Ainda que é possível que as gorjetas tradicionais não desapareçam completamente, a não ser que o dinheiro em espécie também desapareça, parece inegável que a viagem em direção a um mundo sem moedas avance a toda velocidade. Porém, ainda falta tempo para que tanto comerciantes como consumidores se acostumem a um cenário que acaba de surgir.

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