Não, não temos mais bactérias que células no nosso corpo

Por , 19 de January de 2016 a las 07:00
Não, não temos mais bactérias que células no nosso corpo
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Não, não temos mais bactérias que células no nosso corpo

Por , 19 de January de 2016 a las 07:00

A comunidade científica expulsa um dos mitos mais amplamente aceitos sobre o microbioma. Porque não, não existem dez bactérias por cada célula humana.

As pesquisas sobre o microbioma têm experimentado uma revolução na última década. Foi Jeffrey I. Gordon, Diretor do Center for Genome Sciences and Systems Biology na Universidade de Washington, o primeiro a demonstrar a complexa relação entre os seres humanos e sua microbiota intestinal, e como isso afeta nossa alimentação, obesidade e saúde em geral. Tão importante era seu trabalho que chegou a ser mencionado para o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina.

A importância do microbioma é tão grande que sabemos agora que desempenha um papel fundamental no nosso bem-estar. A comunidade científica já indicou preliminarmente o papel que teriam as bactérias no surgimento de problemas como as doenças inflamatórias, intolerância ao glúten ou até mesmo o desenvolvimento do câncer. Embora devamos aprofundar ainda nessas pesquisas para confirmar estes resultados, o microbioma foi considerado como um “órgão de fronteira”.

Nesse contexto, muitas vezes já se ressaltou a importância do microbioma por sua importância quantitativa além da qualitativa. Atividades cotidianas e simples, como colocar lentes de contato ou ter um animal de estimação pode fazer com que alteremos este conjunto de microorganismos sem nosso conhecimento, variando não só o número, mas também a diversidade microbiana que temos. Na verdade, foi dito muitas vezes que temos dez bactérias por cada célula no nosso corpo. Este mantra, de acordo com as últimas pesquisas, não seria muito realista.

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Uma avaliação crítica sobre esta declaração sobre o microbioma foi publicada no repositório Biorxiv, para surpresa dos pesquisadores. De acordo com este trabalho, o microbioma ainda é importante. No entanto, o seria pelo papel qualitativo que tem, e não pelo número de bactérias que existem no nosso corpo, que seria menor do que se pensava anteriormente.

O mito da proporção 10:1, inicialmente levantado pelo microbiologista Thomas Luckey em 1972, não seria verdade. Os cálculos de Milo, Sender e Fuchs estimam que a proporção se aproxima de 1,3:1, bastante longe da taxa estabelecida anteriormente.

O trabalho está agora sendo revisado pelo conselho editorial de uma publicação científica, conforme relatado na revista Nature. Teremos que esperar até que seja finalmente aceito para comprovar se a nova proporção de bactérias e células humanas está ou não mais ajustada com a realidade. Até então, podemos dizer que praticamente banimos um dos mitos mais amplamente aceitos sobre o microbioma, que declarava que os humanos tinham muitos mais microrganismos que células próprias.

Imagens | NIAID (Flickr), Eric Erbe (Wikimedia)

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