A China pretende estabelecer as bases para liderar uma autêntica revolução robótica que permita consolidar seu desenvolvimento econômico e manter sua taxa de crescimento em comparação com outros países. Com este plano ambicioso, o governo chinês pretende melhorar sua produtividade planejando a automatização do trabalho realizado por milhões de trabalhadores com baixos salários.

A vontade de impulsionar o setor tecnológico complementa as ambiciosas metas de produção estabelecidas pela China em seu mais recente modelo econômico, com o qual pretende dobrar a renda per capita do país para o ano de 2020. O plano do governo ficou patente na Conferência Mundial de Robótica realizada recentemente em Pequim, onde o vice-presidente da República Popular da China, Li Yuanchao, fez finca-pé na importância capital do setor da robótica para o futuro econômico do país.

Grande parte do sucesso do setor produtivo do país depende dos baixos custos de produção, principalmente pela mão de obra barata e pouco qualificada de seus trabalhadores. Mas o crescimento econômico nos últimos anos, acompanhado por um aumento significativo dos salários, foi o detonador para o impulso tecnológico do setor industrial e a diversificação da mão de obra dentro de seu plano de reforma da economia.

É bem conhecido por todos o potencial comercial e econômico do mercado chinês para a produção de todos os tipos de eletrodomésticos e dispositivos eletrônicos para uso doméstico, mas a implantação de muitos desses robôs em fábricas, permitiria melhorar a produtividade e a eficiência daqueles postos de trabalho realizados por mão de obra barata e pouco qualificada.

As empresas de robótica afirmam que este plano da automação do trabalho teria benefícios recíprocos para os trabalhadores, uma vez que a introdução de robôs nas linhas de produção requer um processo de manutenção, melhora, design e desenvolvimento que deve ser realizado por pessoal com formação técnica específica. Portanto, os benefícios econômicos não só recaem na eficiência da produção, mas também melhora a qualificação profissional dos trabalhadores, e, portanto, seu salário.

Substituir milhões de postos de trabalho pouco remunerados por robôs pode parecer contraproducente para a economia chinesa, uma vez que se destroem postos de trabalho. Mas também é verdade que muitos destes postos de trabalho não exigem formação específica e se investem 40 horas semanais por um salário médio de 2.171,27 reais por mês.

Em qualquer caso, muitas das tarefas realizadas pelos seres humanos não serão facilmente automatizadas a baixo custo. Em princípio, pretende-se substituir por robôs tarefas sistemáticas de inspeção visual e manipulação de objetos, a partir de autômatas inteligentes específicos.

A China lidera desde os últimos dois anos o número de importações de robôs a escala mundial, acaparando 25% das vendas totais do setor. Mas esses dados poderiam aumentar a até um terço de todos os robôs industriais instalados em todo o mundo até 2018, de acordo com as estimativas da Federação Internacional de Robótica.

O programa para melhorar a base de produção e transformar a China em uma potência mundial de fabricação verde em 2025, é outro dos planos do governo para priorizar o campo da robótica, a fim de regenerar a economia do país. O plano “Made in China 2025”, lançado em maio passado, se inspirou em iniciativas semelhantes realizadas na Alemanha e nos Estados Unidos.

Mas a automatização do trabalho não só se limitará à inclusão de robôs nas fábricas, também inclui a implementação de sistemas inteligentes e conectividade, a fim de aumentar a eficiência, a produtividade e a flexibilidade do setor.