E-mail tracking: a guerra do tique duplo chega à sua caixa de entrada

Por , 25 de October de 2016 a las 19:00
E-mail tracking: a guerra do tique duplo chega à sua caixa de entrada
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E-mail tracking: a guerra do tique duplo chega à sua caixa de entrada

Por , 25 de October de 2016 a las 19:00

A intimidade na internet é, cada vez mais, um bem precioso que resulta difícil de proteger. Depois de lutar contra as confirmações de leitura dos serviços de mensagem instantânea, chegou a vez de fazer a mesma coisa com o e-mail.

A batalha pela privacidade grassa em cada canto da Internet. Fora fugir da espionagem de governos ou das grandes empresas tecnológicas, os usuários que queiram proteger sua intimidade na Internet se veem imersos em um verdadeiro campo minado onde cada serviço esconde uma armadilha. No final de 2014, essa guerra alcançou seu ponto álgido quando WhatsApp ativou o infame tique azul: se você ler uma nova mensagem, o marcador muda de cor e o contato em questão sabe que você o leu. Isso sem mencionar da sempre inoportuna última hora de conexão.

Tudo isso já é água passada e o resultado é bem conhecido. WhatsApp cedeu ante as críticas dos usuários que sentiam sua intimidade assaltada e que preferiam passar inadvertidos e deu a possibilidade de desativar qualquer dedo acusador. Nem hora de conexão, nem tique duplo azul. No entanto, WhatsApp é apenas a ponta do iceberg.

Enquanto o serviço de mensagem instantânea de propriedade do Facebook tomava os titulares, a luta para proteger a intimidade dos internautas continuava ocorrendo em outro campo que ainda hoje é um constante cabo de guerra: os e-mails.

A situação é similar. Alguém envia um e-mail e, depois de algumas horas, se pergunta se o destinatário o terá lido e não responde de propósito ou se é porque ainda nem sequer teve tempo de abrir a mensagem. Por sorte, para os mais impacientes, há mais de uma década já existem as ferramentas que permitem rastrear e-mails: quando o destinatário o abra, o emissor saberá.

Ainda mais, os atuais serviços de e-mail tracking vão muito além e dão uma ingente quantidade de informação. Assim, o responsável do envio de um e-mail pode saber quando e onde foi aberto e, também quantas vezes. E não só isso: também informam sobre o número de pessoas que leram o e-mail (ou melhor, a quantidade de endereços IP desde os quais foi aberto) e até se os arquivos adjuntos foram baixados ou não.

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As más notícias para aqueles internautas zelosos de sua intimidade e defendem que não é da conta de ninguém quando e onde consultam sua caixa de entrada não terminam por aqui. Se já não fosse suficiente tudo o que essas ferramentas de seguimento são capazes de fazer, devemos incluir na lista o fato de que, ao contrário do ocorrido com WhatsApp, não existe uma forma única e simples de desativar os serviços de tracking. Fora que o número de empresas que oferecem estes rastreadores é infinito: GetNotify, bananatag, HubSpot, Mixmax

A resistência

Nem tudo está perdido. De fato, se existe uma guerra nas caixas de entrada é porque os que preferem não ser controlados através de ferramentas de monitoramento de e-mails ainda contam com um que outro recurso para se defender. O bloqueio de imagens e outro punhado de serviços são as armas com as que proteger a pouco intimidade que ainda resta online.

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Para começar, Google permite que os usuários de Gmail evitem estes rastreadores com uma simples (ainda que extrema) medida: proibir que se mostrem automaticamente as imagens externas que acompanham os e-mails. As ferramentas de tracking se desativam assim porque a maioria delas inserta nos e-mails uma imagem de um pixel que funciona como rastreador. Quando o e-mail é aberto, o pixel é baixado e o serviço consegue os dados necessários para dedurar o receptor.

No entanto, esta opção que Google oferece (e que pode ser usada por qualquer usuário navegando pelo menu de configuração) faz que qualquer foto que nos chegue por e-mail não seja mostrada. Em cada mensagem o sistema perguntará se o usuário deseja visualizar as imagens e, em caso afirmativo, o rastreador poderia começar a funcionar camuflado junto ao envio de qualquer GIF divertido.

Mas, além do recuso de Gmail, à sombra de todas essas inumeráveis ferramentas que permitem monitorar o estado dos e-mails enviados foram surgindo ao longo dos anos outras tantas pensadas precisamente para bloquear esses fofoqueiros ou, ao menos alertar de sua presença.

É o caso de Ugly E-mail, uma extensão de Gmail que se infiltra (de forma segura, afirmam desde o serviço) em seus e-mails em busca do dedo-duro. No caso de levar um rastreador, esse e-mail aparecerá marcado automaticamente na caixa de entrada de Gmail com um olho, para alertar o usuário: se você abrir isso, pode ter certeza que vai ser dedurado.

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Outros exemplos são os oferecidos por PixelBlock e Trackbusters. Ambas asseveram conseguir a mesma coisa: analisar sua caixa de entrada para saber quais mensagens estão sendo rastreadas e quais não. Além disso, afirmam bloquear a ferramenta intrometida. Do outro lado, algumas empresas responsáveis do e-mail tracking asseveram que estes mecanismos de defesa nem sempre são eficazes em sua tentativa por acabar com a espionagem.

Seja de uma forma ou de outra, o certo é que aquela polêmica do tique duplo teve um final muito mais simples. A verdadeira guerra pela intimidade se trava nas caixas de entrada do e-mail por culpa de um marcador praticamente invisível. Rastrear ou evitar ser rastreado, eis a questão.

 

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