A procura por soluções para o tratamento de doenças evolui constantemente, e a sofisticação e melhora da tecnologia permite chegar a lugares que anos atrás eram impensáveis. O cérebro humano foi um mistério para a medicina até aparecer o Software da Mint Labs, que pode ser considerado o “Google Maps do cérebro”.
Para IDC e Gartner, o futuro das tecnologias da informação e comunicação (TIC) no sector da saúde passa pelo e-Health e seu potencial de crescimento nos próximos anos. O impacto econômico do controle, tratamento, diagnóstico, prevenção… Através de cuidados sanitários aprovados pelas TIC é extremamente importante, e estima-se que na Europa tem um potencial de economia de cerca de 99 bilhões de euros.
E é neste ambiente que surgem as startups e empreendedores que postulam o uso de ferramentas inovadoras que permitem melhores tratamentos para os pacientes.
Assim é como dois jovens empreendedores tomaram esse caminho com um objetivo: investigar a grande incógnita do corpo humano, o cérebro. Cientes dos benefícios da inovação no campo da medicina, estes jovens criaram um software pioneiro no desenvolvimento de mapas cerebrais em 3D e 360 graus: o “Google Maps do cérebro“.
O que é Mint Labs e como surgiu a ideia?
Mint Labs é uma startup na área de “e-health” que desenvolve um projeto no campo da neurologia. Paulo Rodrigues e Vesna Prchkovska, fundadores da empresa são dois jovens que se reuniram em Eindhoven (Holanda), onde realizavam um doutorado em neuroimagem. Na cidade holandesa começaram a desenvolver a semente do projeto, e seis anos depois, em Barcelona, lançaram o software que visa dissipar os mistérios do cérebro humano, historicamente um dos grandes desafios da ciência.
A ideia do projeto parte das ressonâncias magnéticas realizadas em pacientes para, em seguida, introduzir estas imagens “cinzas e com pouca informação” na plataforma desenvolvida pela Mint Labs e obter um plano completo em 3D do cérebro, “O problema histórico e atual é que o cérebro está muito bem protegido dentro de um crânio e é muito difícil de observar sem abri-lo. Portanto, neste momento a desvantagem não está nas ressonâncias, mas na falta de software para interpretá-las. Há um monte de informação, mas os especialistas não podem acessá-las totalmente”.
O software já começou a ser utilizado em alguns dos hospitais mais renomados, como no Ramón y Cajal em Madrid, no Clínic ou Sant Joan de Déu de Barcelona, mas o impulso da Mint Labs não fica na Península Ibérica, porque seu software chegou a centros de Boston, São Francisco e Israel.
A maneira de desenvolver o projeto
A plataforma desenvolvida pela startup facilita a detecção de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer ou Parkinson. “Se descobertas logo, ainda se pode agir, mas quando os sintomas são observáveis, a doença está já muito avançada e normalmente é tarde demais”.
Para isso, a equipe da Mint Labs visa atingir dois sentidos buscando o objetivo desta plataforma:
Primeira via. Através dos hospitais e o trabalho que os médicos desenvolvem com seus pacientes, graças ao uso do software pelos centros médicos.
Segunda via. A indústria farmacêutica. Está muito interessada na plataforma para poder desenvolver medicamentos contra as doenças neurodegenerativas.
Esta última é a que geraria mais benefícios, porque para processar as imagens cobrariam mais a este setor que aos hospitais.
Uma plataforma na nuvem
O software pode ser traduzido como um serviço de hospedagem de arquivos no qual os pesquisadores enviam imagens para a nuvem. De fato, ele está automatizado para gerenciar mais de 12.000 exames em um total de 2.100 cérebros virtuais. Precisamente, com eles e uma série de algoritmos se calcula um número indicador do dano cerebral. Basicamente, é um programa que permite acompanhar e determinar a evolução de uma área do cérebro durante o tratamento.
Objetivos a curto e médio prazo
O objetivo principal para a Mint Labs é se associar com os principais especialistas e centros para ajudar a pesquisar as doenças antes do contexto econômico. Para Paulo Rodrigues, o objetivo é ter uma grande base de dados de cérebros virtuais, de modo que quando houver uma nova imagem 3D seja possível compará-las e ver o que está acontecendo.
Por outro lado, outro objetivo que têm em mente tem a ver com a cirurgia. Poder observar pausadamente as imagens em 3D do cérebro de 360 graus permitiria que uma intervenção cirúrgica não fosse tão arriscada para os pacientes. “O cérebro é um dos últimos desafios que restam. Saber como ele funciona e como não funciona é nosso objetivo final”, acrescenta Paulo Rodrigues.
Em qualquer caso, é difícil levar estas iniciativas adiante. A falta de recursos e de apoio pode fazer que uma boa ideia não termine evoluindo para germinar como um projeto de importância vital para a vida humana. A Telefônica, através da Wayra, a aceleradora de startups digitais, quer ajudar a que essas ideias não sejam esquecidas. E por esta razão, Mint Labs recebeu a ajuda de Wayra. Um impulso que pode significar um antes e depois para as doenças neurodegenerativas.