No final de dezembro o Falcon 9, o foguete fabricado pela SpaceX, fundada por Elon Musk, também co-fundador da Tesla, aterrizou com sucesso em uma antiga base militar da Força Aérea dos EUA. Normalmente, quando se fala de um marco espacial se refere a um lançamento. Neste caso, a importância reside precisamente no lado oposto: a aterrissagem. Por que é tão importante que este foguete tenha aterrissado com sucesso?

Vamos começar por dizer que a empresa SpaceX foi fundada em 2002, com o objetivo de fornecer tecnologias de ponta para o setor espacial, um dos mais restritos, apesar das grandes somas de dinheiro que movimentam. E é que os contratos são lucrativos nesta área, mas existem poucos e os atores do mercado já estão bem estabelecidos.

Neste contexto, SpaceX foi criado para desenvolver mísseis que pudessem ser reutilizáveis, entre outros produtos. Este conceito era novo no domínio espacial, onde os lançamentos de naves, foguetes e satélites se conseguem à custa dos meios de propulsão que os levou a órbita terrestre.

Como podemos inferir a partir da quantidade de lançamentos espaciais que ocorreram na segunda metade do século XX, os gastos com foguetes de uso único foi enorme. Especialmente considerando que são peças sofisticadas de engenharia, com os mais recentes avanços no campo aeroespacial, feitos de materiais caros e sem possibilidade de produzi-los em massa.

Por isso a aterrissagem do Falcon 9 marca um antes e um depois para o setor espacial. É um foguete que, uma vez lançado, atingiu uma altura de cerca de 200 km, o equivalente a chegar a órbita terrestre baixa, foi capaz de retornar a Terra e pousar no solo, salvando seu primeiro corpo.

Após o lançamento a trajetória do Falcon 9 se curvou e a parte superior separou do corpo principal. A partir daqui há duas trajetórias. A cápsula continha um grupo de 11 satélites de telecomunicações da empresa ORBCOMM, que foram colocados em órbita praticamente nessa altura. O corpo principal ascendeu um pouco mais, a fim de girar e ficar perpendicular ao solo, com a base apontando para baixo.

Depois, o corpo principal descendeu até a base de aterrissagem prevista e chegou a terra normalmente. Assim, uma grande parte da estrutura do foguete foi salva e será reutilizável para outro lançamento.

Não é a primeira vez que isso acontece. De fato, há pouco tempo a empresa Blue Origin, fundada também por outro conhecido do setor tecnológico como Jeff Bezos, fundador da Amazon, foi capaz de lançar e pousar seu próprio foguete New Shepard (nome dado em homenagem ao primeiro astronauta americano a ir para o espaço). No entanto, a altura atingida neste caso, foi inferior, sendo apenas um voo sub-orbital.

Imagens: Michael Seeley y Wikipedia