Tenho a síndrome da vibração fantasma, mas está tudo bem comigo

Por , 8 de January de 2016 a las 07:00
Tenho a síndrome da vibração fantasma, mas está tudo bem comigo
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Tenho a síndrome da vibração fantasma, mas está tudo bem comigo

Por , 8 de January de 2016 a las 07:00

Se alguma vez você já sentiu o celular vibrar no bolso e ao olhar descobriu que não era nada, nem se assuste: isso acontece com 80% das pessoas

É possível que alguns dos leitores (como este que assina) tenham experimentado a sensação de que o celular vibrava no bolso, e quando foram ver a chamada, realmente não havia nada para ver. O celular não tinha vibrado. Em alguns casos, o celular nem sequer estava em seu bolso! Se isso já lhe aconteceu, não há muito com o que se preocupar. Fazemos parte do 80% da população que já sofreu este efeito alguma vez. Outros, menos, até escutam o telefone tocar sem que chegue a tocar realmente.

Estes fatos têm nomes tão extravagantes como “a síndrome da vibração fantasma” ou “síndrome da campainha fantasma” e, tecnicamente, são alucinações, dado que ocorrem sem a presença de um estímulo. Devemos procurar ajuda psicológica? Não, pelo menos não para isto. Pelo contrário, essas alucinações são a prova de que o nosso sistema neurológico e de estímulos está funcionando corretamente.

A base neurológica está sustentada, como não pode ser de outra forma, na evolução. A percepção de estímulos de forma antecipada permitiu a sobrevivência dos nossos antepassados. Essa percepção é reforçada pela situação, estado mental, etc., sendo seu estudo parte de um ramo da ciência: a Teoria de detecção de sinal, que se especializa em compreender como ocorre a detecção correta dos sinais tanto nos sistemas como nas pessoas. Obviamente, o estado de ânimo ou a situação influenciam nessa detecção; por isso, será mais fácil detectar (ou acreditar que detectamos) o barulho de uma cobra durante uma noite de medo passada no meio da natureza do que estando tranquilamente no nosso jardim urbano.

Nosso cérebro, diante de um estímulo potencial pode gerar quatro situações diferentes, dependendo de se realmente se está produzindo o estímulo e de se ele acha que está sendo produzido. Assim, temos duas decisões corretas (não há nenhum estímulo e decide que não há. E vice-versa) e duas incorretas (tem um estímulo e ele decide que não há nenhum, e vice-versa). Esta análise ocorre inconscientemente, e o cérebro valoriza quais são as consequências de uma decisão errada e escolhe o cenário que nos dará mais opções de sobrevivência.

Duas variáveis influenciam o número de ‘acertos’. A sensibilidade ao estímulo real (no caso de um celular, a potência de vibração ou sensibilidade da parte do corpo onde está o telefone) e a predisposição para acreditar que o estímulo ocorre (por exemplo, a espera ansiosa de um telefonema de um familiar ou de uma oportunidade de emprego). O design de qualquer sistema (e agora não me refiro aos humanos) tem que jogar com estes dois aspectos. No caso dos alarmes de incêndio, por exemplo, o limiar de sensibilidade pode fazer com que salte o alarme mesmo quando o risco de incêndio não é verdadeiro (falso positivo), mas este limiar permite que a situação oposta não ocorra.

Em suma, tendemos a notar vibrar o telefone quando não vibra, porque a alternativa (não perceber quando ele está vibrando) nos faria perder ligações, e nosso cérebro não gosta deste cenário. Daí que ele nos provoque ‘alucinações’.

Imagem: Theartof

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