O auge da genética pessoal: quando uma startup indaga em seu DNA

Por , 8 de December de 2015 a las 19:10
O auge da genética pessoal: quando uma startup indaga em seu DNA
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O auge da genética pessoal: quando uma startup indaga em seu DNA

Por , 8 de December de 2015 a las 19:10

Encontrar seus pais biológicos ou descobrir quais doenças genéticas poderiam ser transmitidas aos seus filhos são alguns dos motivos para que mais e mais pessoas se submetam ao teste genético da 23andMe, um dos vários testes de DNA oferecidos pelo setor emergente da genômica pessoal.

Stacy e Greta, duas irmãs nos Estados Unidos, se conheceram graças a um teste de DNA. Sua prima Laura contratou os serviços da 23andMe, uma startup biotecnológica que analisa o DNA do cliente e o compara com o de outras pessoas registradas no seu banco de dados. Laura cedeu seu genoma com a esperança de encontrar seu pai biológico. Em vez disso, encontrou-se com Greta sua prima.

Empresas como Genelex, Gene By Gene, InVitae ou Interleukin Genetics também resolvem mistérios familiares e tentam localizar doenças genéticas que os clientes poderiam passar para os seus filhos. Para isso, fazem testes que lhes dão acesso a todo o DNA, com todas as consequências que isso poderia acarretar.

O negócio da genética

O verdadeiro negócio da empresa não são os testes que são feitos por ao redor de 100 euros. Como apontam desde Technology Review, os dados genéticos de um cliente da 23andMe valem 2.500 vezes mais que os dados que o Facebook recopila de um usuário. Desde que foi fundada em 2006, a empresa conseguiu reunir um extenso banco genético de cerca de 600.000 pessoas.

No entanto, a empresa com sede em Mountain View não foi a única a aproveitar esta oportunidade de negócio. Faz alguns anos, nos Estados Unidos foram criadas empresas que analisam o genoma dos clientes, quer seja por razões familiares, de pesquisa e até mesmo esportivas. Este é o caso da DNA Fit, uma empresa britânica que também demostra que há mercado para além das fronteiras dos Estados Unidos.

Como Andrew Steele, um ex-atleta olímpico e atual embaixador da marca, conta para o Think Big a empresa oferece aos clientes informações sobre como seu corpo reage a atividades físicas de maior e menor intensidade, quanto tempo levará para cicatrizar uma lesão ou a dieta que melhor se adapta ao seu organismo.

“Temos um leque muito amplo de clientes. Trabalhamos com atletas profissionais e militares, se bem nossos principais clientes são pessoas que tentam manter-se em forma e querem ter a certeza de que estão fazendo isso corretamente”, explica. Pessoas que vão três ou quatro vezes por semana na academia e que não confiam nos exercícios e dietas que estão na Internet ou encontram na mídia.

Com a autorização da FDA

Alguns meses atrás, a Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, suas siglas em inglês) deu luz verde para 23andMe vender um novo teste genético, projetado para detectar se um cliente tem um gene associado à síndrome de Bloom, uma doença que, entre outras coisas, faz com que a pele seja hipersensível à luz do sol.

Esta autorização restaurou a paz, depois de que as autoridades dos EUA proibissem a empresa em 2013 de vender testes genéticos relacionados à saúde.

De acordo com John Conley, um advogado especialista no campo da genética pessoal, a FDA desconfiava (e provavelmente continua desconfiando) da 23andMe não tanto por aquilo que oferecia ou os perigos que pudesse implicar, mas sim porque as informações que dava para os clientes não eram suficientemente precisas.

Onde fica a privacidade?

Expor informações tão sensíveis como o genoma implica alguns riscos. Mark Gerstein, professor de bioinformática da Universidade de Yale, investiga há muito tempo os perigos de ceder o DNA a uma empresa privada. Segundo o estadunidense, é provável que num futuro “se saiba muito mais sobre você” e como será sua descendência, entre outras coisas.

“O que é preocupante é que, uma vez que você compartilha algo na web, isso vai para um servidor e não pode ser recuperado. A informação já está lá”. Se depois empregassem seus dados com efeitos prejudiciais, já “não se pode alterar o genoma. Você pode alterar seu número de telefone, seu número do cartão de crédito… mas não seu genoma“.

Além disso, nem todas as empresas do setor são igualmente rigorosas no que se refere à privacidade. As europeias, pelo quadro jurídico que manejam, estão obrigadas a ser mais cautelosas. Desde DNA Fit asseguram que, uma vez feito e apresentado o relatório para o cliente, eliminam os resultados do teste: “Seguimos a lei de proteção e privacidade do Reino Unido, de modo que todas as amostras são destruídas quando terminamos. O que resta é um PDF com as informações que recolhemos do teste”.

 

Imagem de título: Duncan Hull (Flickr)

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