Veneno de aranhas para combater a dor

Por , 2 de August de 2015 a las 11:29
Veneno de aranhas para combater a dor
Futuro

Veneno de aranhas para combater a dor

Por , 2 de August de 2015 a las 11:29

Equipe de cientistas australianos estuda o veneno das aranhas como possível medicamento contra dor crônica e câncer, ou ainda como inseticida “verde”

O veneno tem uma história de cinema. Não é à toa que protagonizou séries como “Breaking Bad”, desempenhando também papel-chave na morte de personagens relevantes como Alan Turing ou Sócrates. Mas, como dizia o médico e alquimista Paracelso, “nada é veneno, tudo é veneno: a diferença está na dose”.

Mas o que quis dizer o médico suíço? Qualquer dos medicamentos que utilizamos contra doenças, como o câncer, tomado em concentração suficiente, pode ser mortal. O teixo, por exemplo, também é conhecido como “árvore tóxica”. Entretanto, nos anos 70 descobriu-se que, a partir de seu corte, podia-se obter o taxol, um composto ativo na luta contra os cânceres de ovário, de mama e de pulmão, além do sarcoma de Kaposi.

A natureza, fonte de medicamentos

O histórico do taxol, também denominado paclitaxel, nos mostra que um veneno, em doses adequadas, pode ser potencialmente benéfico. A ideia levantada por Paracelso nos permite buscar novas fontes de fármacos para combater diversas doenças. Nesse sentido, cientistas do Instituto de Investigación Biomédica de Barcelona (IRB) têm demostrado a eficácia in vitro do veneno de vespa contra o câncer de mama.

Estes insetos não são os únicos organismos que produzem venenos de interesse para a saúde. As aranhas, os artrópodes igualmente amados e odiados, são outros seres vivos a partir dos quais podemos descobrir medicamentos inovadores. A cientista Glenn King tem estudado alguns dos venenos que as aranhas produzem, com o objetivo de desenvolver fármacos contra dor crônica, câncer ou novos compostos que sirvam como inseticidas “verdes”.

tela-araña-verde

Suas investigações descobriram que aranhas e centopeias produzem um veneno similar, apesar de serem espécies que divergiram evolutivamente há mais de 500 milhões de anos. Curiosamente, a toxina é muito parecida à insulina, hormônio que ajuda a regular os níveis de glicose no sangue.

Glenn King descobriu que a aranha Hobo, uma espécie muito agressiva, é capaz de utilizar esse veneno para eliminar um tipo de lagarta responsável pela destruição de plantações. Segundo seus estudos, a toxina secretada por aranhas e centopeias é mais estável quimicamente por contar com quatro hélices em sua estrutura. Essas características, conforme publicado na Revista Science, permite também que o veneno seja solúvel em água.

Isso fez com que uma empresa de Michigan (Estados Unidos), chamada Vestaron, se interessasse pelo uso deste veneno como “inseticida verde”. Por outro lado, a equipe de King vai dar foco às possíveis aplicações biomédicas da toxina da aranha, que poderá servir contra dor crônica ou câncer. Sua pesquisa mostra, mais uma vez, o potencial do veneno secretado por algumas espécies nos campos da medicina ou da agricultura.

Imagems | Sugarless (Shutterstock), Hellen Grig (Shutterstock)

Texto Anterior

Classe 4, classe 6, classe 10, SD, SDHC… Qual cartão de memória escolher?

Classe 4, classe 6, classe 10, SD, SDHC… Qual cartão de memória escolher?
Próximo Texto

Transforme qualquer superfície em uma tela sensível ao toque, incluindo madeira ou vidro

Transforme qualquer superfície em uma tela sensível ao toque, incluindo madeira ou vidro